O interesse sobre a questão da menopausa surgiu-me, primeiramente, por ser mulher. Segundo, por ouvir queixas e mais queixas de minhas pacientes. Meu interesse e minha prática foram reforçados pela revisão bibliográfica que realizei para efeito de uma pós-graduação.
Como nutricionista que não se satisfez apenas com seus cinco anos de estudo de formação, como observadora atenta e ouvinte paciente que costumo ser, como questionadora direta junto aos interessados (meus clientes) pelos efeitos promovidos pela aplicação da ciência nutricional, creio firmemente no poder preventivo e regenerativo dos alimentos. Nem sempre ele é suficiente. Nos casos particulares da menopausa, tensão pré-menstrual e obesidade costumo dizer que ele faz parte de algo maior: um estilo de vida. É claro que esse estilo de vida não se prende, apenas, a essas particularidades. A nossa vida como mulheres, e a dos homens também, é dependente da forma que escolhemos para viver.
O esquema que você vê, significando o que seria esse estilo de vida já tem um bom tempo de existência. Apresentei-o em 2000, no congresso promovido pelo Hospital Silvestre, Tendências Nutricionais do Terceiro Milênio. Era uma síntese gráfica do que eu já vinha apresentando em palestras e artigos em jornais alternativos como o Essência Vital.
A alimentação integral, opção que fiz tanto na vida pessoal como na prática clínica, somente nos últimos anos é que tem tido maior apoio dos meios acadêmicos. A sua aceitação pelos profissionais da saúde, entretanto, não cresce na mesma proporção em que crescem os estudos. É verdade que em alguns casos a evidência nos estudos não está tão clara como a da prática diária, dado à dificuldade e complexidade desses estudos. Eles, hoje, são consideráveis a respeito da soja, o alimento principal da reposição hormonal natural. Ainda que assim o seja, continuamos a ouvir vozes que não deixam de insistir sobre a sua insuficiência. Ao mesmo tempo, consideram consistentes os estudos sobre a TRH (terapia de reposição hormonal) farmacológica, apesar dos inúmeros estudos que já apontam que a coisa não deve ser levada adiante como tem sido feita. Má vontade ou falta de tempo para tomar contato?
Felizmente, a essa tendência já temos procedimentos alternativos, inclusive de governos. O primeiro deles foi o Japão que, segundo Arai, 1996, citado em Hasler, fornece um selo de qualificação e aprovação do seu Ministério da Saúde e Previdência Social aos alimentos funcionais. Lá eles são conhecidos como alimentos para uso específico na saúde (FOSHU). Mais de uma centena de produtos já está licenciada pelos japoneses.
Você tem alguma dúvida sobre a alimentação poder dar a você uma outra qualidade de vida? Por que será que para certas doenças, além dos remédios, recebe-se a indicação sobre mudar seu hábito alimentar? Por que, para certas doenças, recebe-se a indicação para deixar ou passar a fazer coisas como, por exemplo, fumar, beber (álcool, leite, refrigerantes), exercícios, tomar sol? Exatamente isso: estilo de vida. Muitas doenças se encontram aí. Em algumas vezes a medida é cortar, em outras é reduzir, evitar. Poderá ser, também, aumentar.
Comecemos pelo fato de que a menopausa não é uma doença, mas uma condição da vida das mulheres. Mais, ela depende da configuração dessa mulher e, tchan-tchan-tchan: de seu estilo de vida. Há mulheres para as quais a menopausa significa um momento de melhoria na sua qualidade de vida. Para muitas outras, entretanto, ela representa, ao contrário, um momento de infortúnio a ser somado a todos os que já tem. Nos grupos sociais, que valorizam a mulher e/ou seu amadurecimento, a menopausa é, costumeiramente, tranqüila. Já em outros, como os nossos...
Fumar menos (ativa ou passivamente), beber menos (álcool, refrigerantes) e mais sucos, específicos chás, comer menos (alimentos inadequados) e mais (alimentos adequados), exercitar-se mais (caminhar, dançar, nadar podem ser formas agradáveis desse mais e, para quem gosta, as academias), evitar o estresse e fazer mais práticas desestressantes (relaxamento, ioga, as já indicadas caminhada, natação etc), amar e amar-se mais, ou seja, aumentar a sua auto-estima. Essas são as recomendações que se resumem em viver!
Viva a vida. A sua vida, que é diferente da sua vizinha e até mesma da vida de sua mãe ou de sua irmã, tia ou seja lá quem for, pois você, como indivíduo, é única, ainda que possa ter semelhanças com todas essas outras mulheres.