Principais hormônio femininos (GUYTON, Arthur; HALL, John. Tratado de fisiologia médica)
A menopausa ocorre, na maioria dos casos, por volta dos 40 a 50 anos. Os ciclos sexuais femininos tornam-se irregulares, diminuindo até sua completa interrupção, causada pela redução quase que total dos hormônios estrógeno e progesterona.
Grande parte das mulheres realiza exames ginecológicos periódicos. Com exceções, é habitual seus médicos lhes indicarem a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) na época em que a menopausa costuma a aparecer, mesmo que nenhum sintoma seja declarado. Isso é curioso, já que Hipócrates, pai da medicina, acreditava no poder dos alimentos, na atividade física e no benefício dos raios solares mais do que em medicamentos. Talvez assim o considerasse porque à sua época não havia o acesso dos laboratórios que querem nos fazer crer que os princípios ativos do reino vegetal, em que se baseiam para elaborar seus medicamentos, não são tão ativos assim.
Embora a menopausa seja desencadeada pela falência dos ovários que vão aos poucos reduzindo sua produção de estrogênio até sua cessação total, seus sintomas (mais ou menos) intensos e/ou as patologias a ela associados, podem ter causas que incluem também fatores psicológicos, genéticos, alimentares, estilo de vida, etc.
Muitas mulheres são desestimuladas a se utilizarem da TRH por seus efeitos colaterais, muitos deles apresentados no Physician’s Desk Reference, como indicado por Murray (1998) e nas bulas dos produtos que contêm hormônio estrogênio e progesterona. Bastos (2001) relaciona como riscos da TRH o aumento das chances para o câncer de endométrio e de mama, aumento da gordura corporal, edema por retenção de água e sal, depressão, enxaqueca, hipoglicemia, aumento do risco de cálculos na vesícula e doenças hepáticas, aparecimento ou agravamento de doenças benignas da mama, aumento de miomas uterinos, interferência na função da tireóide, aumento da coagulação com possibilidade de trombose, reaparecimento de endometriose, cólicas uterinas e sangramento uterino irregular.
Stewart (1997), recorrendo ao Monthly Index of Medical Specialities-MIMS (Índice Mensal de Especialidades Médicas, edição de maio de 1996), afirma que algumas mulheres não podem se submeter à TRH, como, por exemplo, aquelas que tiveram algum tipo de tumor de mama ou na área genital ou, ainda, algum tipo de câncer ligado à ação do estrogênio. Também não devem se submeter à TRH as mulheres que tenham apresentado endometriose (caracterizada por menstruações dolorosas e por infertilidade). Ela observa que: "as paredes do útero, o endométrio, podem por vezes estender-se para fora do útero e formarem-se como que pequenas bolsas em torno do útero e da bexiga. Esse tecido mal colocado irá aumentar de tamanho sob a influência do estrogênio e então causar um sangramento interno doloroso."
Mulheres com doenças graves do coração, fígado ou rins também devem evitar a TRH, pois os estrógenos podem piorar essas condições ou causar formação de coágulos. Precauções especiais em relação à TRH devem ser dadas àquelas mulheres que tenham história de tromboflebite, pedras nas vesículas, otosclerose (tipo de surdez que se desenvolve durante a gravidez devido ao endurecimento dos três ossinhos do ouvido), pruridos causados por hormônios que são produzidos em maior quantidade durante a gravidez, herpes durante a gravidez, enxaquecas, esclerose múltipla (quando piora ao uso de anticoncepcional ou gravidez), epilepsia, diabetes, hipertensão, fibromas uterinos, tetania, uso de drogas que são processadas pelo fígado (alguns antibióticos antifungos, drogas para epilepsia, drogas para dormir e alguns antidepressivos).
Existem, ainda, aquelas mulheres que, ao fazerem uso da TRH, sofrem efeitos colaterais que, mesmo não sendo tão graves, causam-lhes incômodo: mal-estar gastrointestinal, náuseas, vômito, aumento do peso, mamas sensíveis e aumentadas, sangramentos inesperados, dores de cabeça ou enxaquecas, suave ou intensa tontura, câimbras nas pernas.
Em fevereiro de 2003, a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira do Climatério (SOBRAC) formularam uma carta aberta aos tocoginecologistas brasileiros em função de sua avaliação a respeito de um trabalho publicado no Journal of American Association (JAMA, July 17, 2002 – Vol. 288, n. 3, 321-333) sobre a influência da TRH sobre as mulheres pós-menopausadas. Esse estudo, que, em 2002, ainda teria em torno de três anos para suas conclusões definitivas, apresentou, em seus resultados parciais, um lado negativo (aumento do risco do câncer de mama, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e trombo-embolismo venoso) e outro positivo (diminuição do risco de fraturas do quadril e de câncer colo-retal). Foram avaliadas 27.000 mulheres americanas na faixa de 50 a 80 anos em estudo duplo-cego comparativo controlado com placebo. Entre outras recomendações, a carta aberta observa que "estes resultados, inquestionáveis, devem ficar restritos ao regime de tratamento empregado às pacientes dessa faixa etária (...) A decisão clínica de iniciar ou dar continuidade à TRH deve levar sempre em consideração a peculiaridade de cada caso". (o grifo é nosso)
Além das mulheres que não podem (ou não devem) se submeter à TRH, existem ainda aquelas que, por opção, não querem fazê-lo. Por outro lado, é necessário que se compreenda que a menopausa representa um período não só de alterações biológicas, mas, sobretudo, sociais. Com a chegada da menopausa muitas mulheres se sentem como se tivessem perdido a beleza e a juventude. Este é um comportamento específico do mundo ocidental pois em muitas comunidades orientais as mulheres anseiam pela chegada da menopausa. Nestes locais, em que o novo período significa o fim de várias proibições à mulher que menstrua, não há relatos de sintomas desagradáveis no climatério. Estudos revelam que estas mulheres se sentem aliviadas e não tristes com a chegada da menopausa.
Ao atender mulheres que desejavam reduzir seu peso e, coincidentemente, encontravam-se na menopausa, um ponto comum me chamou a atenção: a perimenopausa, a menopausa e a pós-menopausa são para elas períodos de grande desilusão. Algumas dessas mulheres, que já não têm um bom relacionamento com seus companheiros, não se realizam sexualmente, são sedentárias e, por isso também, ao longo do tempo, tornaram-se obesas, algumas delas ganhando ainda mais peso com a TRH. Ainda mais, não gostam de seus corpos, sentem-se feias, incapazes de serem admiradas, amadas, acham-se velhas para isso. Na maioria das vezes não têm mais a companhia dos filhos, não trabalham, sentem-se improdutivas, consideram a vida sem sentido. Para essas mulheres, além do fator hormonal, existem questões emocionais que intensificam os sintomas da menopausa.
Todo este quadro sintomático presente na menopausa com o qual tive contato até hoje na minha prática ambulatorial, serviu-me de estímulo, como profissional e como mulher, para que eu buscasse dentro de meu instrumento de trabalho – os alimentos – uma alternativa natural que fosse capaz de aliviar os sintomas e os possíveis efeitos indesejáveis da TRH. Os resultados positivos das experimentações realizadas a partir das indicações colhidas na literatura, animaram-me mais ainda a me aprofundar no assunto. Em especial porque essa literatura é ignorada ou minimizada pela medicina oficial. Curioso é que já existe uma quantidade bastante razoável de estudos, especialmente em relação à soja.
Durante muito tempo pensou-se que os hormônios fossem substâncias sintetizadas apenas pelos animais. Hoje, sabe-se que muitas plantas e alimentos também são fontes dessas substâncias, cuja denominação é fitoestrogênio. Além dos fitoestrogênios, que são capazes de cumprir atividades semelhantes ao estrogênio produzido no corpo da mulher, existem ainda, os alimentos funcionais que podem desempenhar funções preventivas e curativas de sintomas e patologias que possam se apresentar na menopausa.
Hasler (2003), nos indica que o Comitê de Alimentos e Nutrição do Institute of Medicine (IOM/FNB, 1994) definiu como funcionais "qualquer alimento ou ingrediente que possa proporcionar um