Novas Coisas

Volta e meia a vida da sociedade humana é sacudida por alguma novidade.

A internet é uma dessas coisas que possibilitou uma revolução na comunicação entre as pessoas. Como toda revolução, ela traz uma mudança que acaba se perdendo e se tornando, apenas, mais uma nova forma de alguma coisa e nada mais, perdendo-se em si mesma. Mesmo que as pessoas continuem a utilizá-la.

Perdeu-se em si mesma porque possibilitou uma velocidade muito maior, mas, ao mesmo tempo se tornou uma coisa vazia, oca que acaba não comunicando nada, num sentindo mais profundo e humano do que possa significar comunicar.

No início de seu uso achei legal as informações e os conteúdos que me diziam coisas interessantes. Com o passar do tempo aquilo foi se tornando monótono, como um disco (Lembram-se do vinil? Alguns nem sabe o que foi isso!) quebrado em que a agulha da vitrola (lembram-se?) não consegue ultrapassar e fica repetindo, repetindo, repetindo...

Tornei-me seletivo no que me chega em minha caixa postal de tantas amizades virtuais. É virtual? Na grande maioria das vezes não leio. Das pessoas realmente conhecidas aplico a algumas o efeito da agulha quebrada, jogando-as direto na lixeira. Para as outras faço uma tentativa de obter, de fato, alguma comunicação. Para uma dessas pessoas, cujas mensagens vou deletando direto, mandei o recado que se segue. Como tenho mais de uma pessoa enquadrada no tipo de expectativa que abordo, lanço-a na internet. Quem sabe eu consiga o retorno (a tanto esperado):

Volta e meia recebo uma msg sua, mas é como se não fosse sua. Talvez de alguém q acessou sua cx postal e fica me mandando coisas.

Sou dum tempo em q as pessoas se falavam, contavam de suas coisas umas para as outras e se importavam com elas. Hj é um tal de reproduzir coisas q, em alguns casos, até têm a haver conosco, mas não passam calor humano. Pelo menos é assim q sinto. Aquela coisa do papo e do clube da esquina.

Estou tentando falar c/vc, mas não consigo. Pedi n vezes, através de sua cx postal, q vc marcasse um café para nós. Mera desculpa, para dar um abraço em alguém de carne e osso e não um robõ q se instalou em uma cx postal e q, volta e meia, aleatoreamente, dispara coisas para a minha. Não as leio, pois desconfio se tratar de um robô ou, pior, de algum cretino q invadiu a cx de uma pessoa amiga e faz esse movimento a fim de me roubar alguma coisa.

Continuo na esperança de q atrás dessa cx postal exista um ser vivente com quem tive o prazer de compartilhar pedaços da minha vida. Alguém com quem eu possa, num abraço fraterno, obter essa coisa q cx postal nenhuma poderá jamais realizar: a troca de um físico (e psicológico) calor humano.

Essa porra desse café, sai ou não sai?


Um internauta em busca de comunicação

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