O cérebro humano recebe, processa, gerencia, estoca e reutiliza informações quando necessário. Nosso cérebro não tem nenhum contato com o mundo exterior. Ele se comunica através dos sentidos e envolve uma área visual, auditiva e falada. Quando pensa, envolve todas. Pensar, racionalizar é entender.
Entender de que formas aprendemos vem sendo matéria de interesse para pesquisa por parte de psicólogos, educadores, neurolingüistas e também cientistas. A aprendizagem se desenvolve entre porcentagens de leitura, captação visual, auditiva e experiência prática. Os cientistas defendem o aprendizado como organização do comportamento baseado na experiência.
Na verdade, quando o corpo participa, aumenta a área de registro cerebral. Os psicólogos não descartam um estudo mais aprofundado do cérebro para fins de análise em relação ao ato de aprender. Educadores vivenciam em sala de aula questões sobre quais seriam as melhores estratégias de que se utiliza o aprendiz na aquisição de conhecimentos e outras questões relacionadas as dificuldades de compreensão de leitura escrita.
Professores de idiomas sentem de perto a necessidade de se pesquisar mais o cérebro, já que nosso aprendizado lingüístico está diretamente ligado às informações que recebemos dos campos auditivos e visuais. Nosso campo visual capta a imagem e manda para Wernicke (área cerebral localizada no lobo temporal responsável pela integração sensorial e processamento de informações auditivas). Wernicke vai identificar que é uma linguagem, mandando esta informação neurológica para Broca (área do cérebro que se encontra no lobo frontal e coordena o sistema de fala).
Estes conhecimentos deveriam fazer parte do universo de estudo de todo professor de línguas, como já afirmou o estudioso e lingüista Noam Chomsky em suas indagações (1988 apud RAPOSO, 1992: 27): “Quais são os sistemas físicos do cérebro do falante que servem de base ao sistema de conhecimentos lingüísticos”? E vai mais além quando o autor afirma que “o pensamento científico e humanista tem uma extrema dificuldade em assumir que os produtos do pensamento (entre os quais a linguagem) possam radicar na natureza biológica dos seres humanos tal como as estruturas anatômicas” (CHOMSKY, 1988 apud RAPOSO, 1992: 26).
Este trabalho visa proporcionar reflexões sobre melhorias de aspectos cognitivos dos aprendizes e aprofundar pesquisas na área de aprendizagem ligadas ao nosso aparato pensante - o cérebro. Freud mantinha a convicção de que um dia a pesquisa daria prova irrefutável de que a atividade mental está ligada à função do cérebro como a nenhum outro órgão.(1915e,pp.174/5 - destaque original de Freud)
A neurociência como fundamento para a Prática Exploratória buscar entendimentos dessas reflexões para a qualidade de vida em sala de aula.
Qualidade de vida é um tema fortemente valorizado pelo exercício da Prática Exploratória, onde se destaca que, ao surgir algo capaz de despertar a atenção de um grupo, este deve investigá-lo até entendê-lo. De acordo com Dick Allwright, “a qualidade de vida da sala de aula é a questão mais importante, tanto para a saúde mental da humanidade (e para a saúde mental do professor!), quanto para encorajar pessoas a serem eternos aprendizes ao invés de se ressentirem por terem passado anos de suas vidas como alunos ‘cativos’, perdendo para sempre a vontade de aprender” (Allwright, 2003:5).
Neste processo, de natureza social, a aprendizagem se transforma numa ação criativa de saberes e experiências, que valorizam tanto o ponto de vista dos professores quanto dos alunos.