O mundo poderia estar melhor se estivéssemos melhores, na medida em que pensássemos e fizéssemos mais pelos outros.
Imagine que escolhêssemos apenas três pessoas para lhes fazer bem. Que efeitos multiplicadores poderiam resultar se as outras pessoas resolvessem seguir esse nosso exemplo? Claro que haveria um sobra de ‘fazer bem’. Grandes possibilidades de sermos inundados por bens feitos.
Também podemos escolher trabalhar péla comunidade sem essa escolha específica. Como pertencemos à comunidade. Olhaí a gente sendo beneficiado de novo.
Um pequeno exemplo. Um prédio, um qualquer. Vamos escolher... dez andares. Quantos apartamentos por andar? Quatro, está bom? Duas pessoas úteis por andar? Também está bom? Juntamos 80 pessoas. Podemos pegar três prédios que significam 240 pessoas. O ano tem 52 semanas, logo 5x 52 = 260. Nas duas contas os números ficam perto. Numa comunidade como essa (três prédios) fazer uma coisa qualquer em favor dessa comunidade levará qualquer das pessoas a tirar um dia de cinco em cinco anos para fazer algo em favor da comunidade. Se pensarmos em cinco coisas, qualquer pessoa usará um único dia do ano para fazer algo benéfico à comunidade (dos três prédios). Beleza? Possivelmente as pessoas discordarão quando dissermos uma (dessas cinco coisas). Talvez até mesmo das cinco. Será? Afinal cada uma dessas pessoas ganhará cinco coisas favoráveis todas as semanas gastando apenas uma semana no ano para fazer uma delas. Sim, é isso mesmo, as pessoas discordarão da proposta. Argumentos e mais argumentos, desculpas, colocarão esses benefícios fora do alcance dessa comunidade.
Como? Vamos ver. Proponho a você, é, você mesmo, para num dia de final de semana, ou da semana mesmo se você preferir, para limpar três bueiros próximos a seu prédio. Você toparia ou teria algum motivo par deixar de fazê-lo? Toparia? Bem, só temos agora que obter o ‘topo’ das outras 239 pessoas.
Se achou descabida ou qualquer outra coisa isso é uma demonstração clara e simples da dificuldade que as pessoas interpõem a uma melhor qualidade de vida. Isso é uma atribuição do Município? Concordamos, mas quando o Município deixa de cumprir as suas atribuições, o que deve ser feito? Antes de tomar propostas simples, eficazes como absurdas, fazer outras propostas. Você poderia pagar para que uma pessoa fizesse essa limpeza? Manter contato com setores municipais para exigir que o bueiro fique limpo?
Ficou melhor assim? Ah, você trabalha a semana inteira, exatamente no horário de funcionamentos dos órgãos municipais? Está vendo a dificuldade? Vamos ajudar de novo: o órgão tem telefone? Você sabe qual é? Tem tempo para procurar na linha telefônica?
Você vê que estou rindo? É provável. Talvez seja um riso nervoso por saber que muitos querem qualidade de vida, mas poucos fazem algo por essa qualidade dizendo que essa responsabilidade é de outros.
Se tivermos a infeliz idéia de propormos encontros semestrais (s – e – m – e – s – t – r – a – i – s) para estabelecer e aplicar medidas para mudar o quadro de políticos que inferniza a vida da gente, então corremos o risco de sermos apedrejados. Ainda que virtualmente. Claro que deixaremos essa proposta de lado. O que é que você acha?
Usamos como exemplos prédios, que concentram mais gente por metro quadrado dando-nos a possibilidade de trabalhar menos. Nada impede de falarmos em casas de uma rua. Vai dar mais trabalho. Talvez em lugar de ganharmos cinco teremos que nos contentar com uma. Ainda assim é um ganho. Falamos em bueiros porque com as últimas chuvas tivemos muitas perdas, inclusive de vidas. Um trabalho de limpeza, simples como esse, negligenciado pelos Municípios (e munícipes), poderia evitar muitas dessas perdas. Como estamos todos muito ocupados... pensando nos nossos umbigos... fica-nos difícil conseguirmos unir efeitos a causas.
Qualidade de vida? Você tem alguma proposta?