Demos umas voltas pela Península do Sinai para despistar, porque pretendíamos passar pela Síria, e tendo entrado por Israel, mesmo sem ter o carimbo no passaporte, poderíamos ter problemas. De fato, não conseguimos entrar no território sírio, tivemos que pegar um barco até Chipre e logo dois outros à Turquia. Mas antes disso passamos mais ou menos um mês cruzando a Jordânia. Que país!! Aí estão dois dos lugares incríveis: um deserto marciano, o Wadi Rum, e Petra, a cidade perdida do deserto. O deserto é o do Laurence da Arábia, fica perto da fronteira com este país e vejam pela foto.. é outro planeta!! As paredes vermelhas pra quem escala... um delírio de fendas e crocas e paredes negativas e...
Fazia frio, mas nestes lugares chove dois dias ao ano, mesmo no inverno é muito seco. Pegamos tudo o que era possível de água e nos aventuramos pelo deserto. Inicialmente ainda se podia pedalar, mas logo empurrando a bicicleta na areia. Quando nos demos conta que assim não íamos muito longe decidimos então acampar e passar os dias dando voltas por ali caminhando, subindo aquelas colinas, brincando de escalar...
Foi incrível, deixamos tudo espalhado, barraca desarmada, ali tudo meio escondidinho não sei bem de quem, atrás de um pedrão... e saímos. Passamos o dia fora, subindo e descendo pedras, tirando fotos e até “falando” com algum pastor, quando começamos a ouvir uns trovões.
Viajar com um galego é isso, pensei – porque na Galícia chove pelo menos oito meses ao ano, nascem cogumelos nas suas orelhas! - mas não nos preocupamos porque, claro, ali “no máximo iam cair umas gotas...” Caramba! Daí a pouco uma senhora tempestade que nos molhou e a tudo no acampamento e durou toda a noite e o dia seguinte. Foi assim em todo o país. Naquele dia havia neblina nas janelas dos pequenos prédios da capital Aman, disseram-nos. Foi o dia em que morreu o Rei Hussein.
As pedaladas foram sempre tranqüilas por todo o oriente médio, ali peguei forma e assim chegamos à Grécia. Viajando aprendi que “Europa” não é apenas um continente geográfico. Vamos ver se me expresso bem: o espanhol, quando vai à França diz que foi à Europa, existe uma diferença enorme dentro do próprio continente entre o Norte e o Sul (Itália, Grécia, Espanha). E hoje pertencer à Europa também pode querer dizer pertencer ao Mercado Comum Europeu. Assim, Turquia também será Europa em muito breve, se é que já não é (hehe, desculpas pelo português tão informal).