“O Caminho de Santiago?” Um dia me propõe, Xabier – Happy, meu namoradinho galego... uma proposta surpresa pra quem estaria indo à África... mas vindo de quem veio é claro que não poderia ser tão simples... a idéia foi sair de Jerusalém e fazer uma campanha para divulgação e arrecadação de fundos pra nossa ong Bicis Pola Paz... o incentivo final? Havia uma promoção de vôos de Madri a Tel Aviv baratííííssimos...
Montamos as bicis em tempo record, com quase tudo emprestado, mas até encontramos um quadro bem adequado para mim, que sou bem pequena.
Lá fomos nós parar em Israel. Era janeiro e fazia frio, mas o deserto é agradável de se pedalar e extremamente bonito. Sem umidade e a luz bem contrastada, os tons ocres bem definidos, o céu azul completamente limpo, o vento... (a favor)... uma delícia!
Jerusalém é uma cidade das mais interessantes. A cidade velha, entre muros milenares, tudo em pedras enormes, casas, comércios, vielas centenares e às centenas. Mas talvez o que mais me tenha chamado a atenção tenha sido a divisão em uns quatro quarteirões, completamente diferentes um do outro. O cristão, o ortodoxo grego, o armênio, o árabe, cada um com seu idioma, modo de comerciar e se relacionar, vestir, comer, tudo diferente.
É um grande mercado Jerusalém, onde se vendem de souvenires a bênçãos. O muro das lamentações, a Grande Mesquita, o Santo Sepulcro – são visitas que tem que ser feitas com tempo, por trás da curiosidade turística está uma força de tradição e fé notáveis!
O barato de viajar em bicicleta é observar cada detalhe do caminho, inclusive o modo de vida das pessoas. Invariavelmente se tem que parar para pedir para encher as garrafas d´água ou para comer em uma sombra, e o cotidiano daquelas pessoas se escancara diante de nós. Às vezes um pneu furado, um oferecimento de ajuda e de repente você se vê em plena conversação e nem sabe em que língua!
Assim é nos países muçulmanos, desde a palestina até a Turquia fomos muito bem recebidos sempre, e com uma delicadeza comovente. Além de toda a beleza e “excentricidade” dos lugares exóticos onde já estive, sempre o carinho das pessoas é o que mais me faz feliz.
De Jerusalém passamos a Belém, que é Palestina, bem pertinho, depois nos perdemos no deserto indo pro Mar Morto, mas também... se havia uma placa estavam só aquelas minhoquinhas desenhadas!! Dessa vez não foi “culpa” nossa! Acabamos quase em Hebron, zona de conflito, então demos a volta e retomamos o caminho em direção ao Mar Vermelho (Pra quem mergulha fica a dica, dos melhores lugares do mundo!!), em direção Sul, visitando alguns parques nacionais. Um deles era uma reserva de pássaros, mas o que vimos foi um deserto apenas com restos de guerra. Tanques abandonados, arames farpados por todos os lados... menos mal que não encontramos nenhuma mina! Era meu primeiro deserto, não pensei nisso na ocasião.