Tempos de Colégio (6)
Não é que a memória da turma da escola andou despertando? Olha só o que me mandaram de comentários.
Sobre o GT, realmente se ensaiava muito e pouco se apresentava... O Stélio era mesmo uma figura especial com sua cabeleira branca penteada para trás e seus óculos de aro preto e grosso e... que me lembre, de terno... Era mais amigo que professor e das aulas só me lembro das "cópias do natural" muitas vezes o "modelo" era uma moringa colocada em cima de uma cadeira ou a própria cadeira... Mas os passeios pelas redondezas do colégio para desenhar, eram ótimos...
O "Jaiminho" é mesmo uma figuraça... Sabe que não salvei o que escrevi? Não lembro mais... Escrevi depois de ler o depoimento da Ivonete, que na época morava na Ilha do Boqueirão. Por força do trabalho do pai dela, ia e vinha todos os dias... Muitas vezes a acompanhamos e à sua irmã (não lembro o nome) até o Bananal para elas pegarem a barca que as levaria para CASA. Ela era a a caçula da nossa turma, entrou em 57 e saiu em 63.
Aquela merenda era ótima mesmo e as balas de côco, compradas através do muro (que naquele tempo era muito mais baixo do que é hoje) eram deliciosas, derretiam na boca. À frente do Colégio, onde haviam dois bancos laterais, a gente sentava para conversar. Agora está tudo gradeado... Sinal dos tempos... Depois surgiu uma cantina cujo responsável era o Sr Elias. Não havia mais lanche gratuito.
Quando entrei para o Colégio, o Paes de Barros estava saindo. Veio o Jansen, "Tigre de açúcar" com seu guardapó bem comprido, talvez reminiscência do médico que ele , se não me engano, era, o Burgos, depois Maria Amélia. Tudo isso faz parte da nossa história... ------- Inês Bellan
Lembrei- me de algumas da merenda ...
1) Prof. Feio ao ficar enraivecido porque jogávamos os restos de pão dentro dos buracos dos muros do pátio. - "O que dirão nossos descendentes quando descobrirem um muro cheio de pães?? O que pensarão de nós???
2) Dia de ovo cozido. Enquanto alguns de imediato miravam na cabeça de algum colega para atirar o ovo, outros, como o Léo, colocavam na boca umas duas gemas, mastigavam um pouco e com a boca toda amarela iam perguntar a alguma colega do tipo "patricinha" que horas eram... -------- Jaime Moraes
Ainda tem mais, fica para o próximo número, preciso revelar algo que poucos de vocês sabiam. Apesar de toda a sua molecagem, o Jaime sempre foi extremamente religioso. Olha só o que ele nos conta daqueles bons tempos de Mendes.
Embora Papai fosse um Kardecista convicto, estudava também teorias ligadas ao esoterismo. Talvez, por isso, houvesse em casa, naquela ocasião, vários livros ligados ao assunto, os quais foram presenteados por alguém que talvez não tivesse muita fé naquelas coisas.
Mamãe, embora acreditando em tudo, tinha um certo receio de fatos ligados a desprendimento, aparições e materializações. Por esse motivo, preferia freqüentar a igreja católica, mesmo porque, sempre havia uma promessa a ser paga pela casa, por alguma doença ou, até mesmo, em intenção de
alguém que não batia muito bem da cabeça, e cuja identidade nunca descobrira. Provavelmente algum parente afastado que tivesse mais ou menos a minha idade.
Todos os domingos assistíamos a missa na Igreja de Santo Antonio, na Rua Capanema, e acabei levando a coisa a sério. Passei a acreditar nos santos e palavras da Igreja católica.
Portanto, não foi sem razão que me entusiasmei quando a professora Vera David Sanson veio até a sala de aula prestar informações sobre a Páscoa, que seria celebrada dentro de poucas semanas. Todos os alunos foram convidados a participar e aqueles que ainda não tivessem feito a Primeira Comunhão teriam a oportunidade de colocar a sua vida religiosa em dia, reservando seu lugar no Paraíso.
Papai achou que aquilo tudo era "coisa de padre", justificando a sua posição pelos ataques que eram feitos contra o espiritismo durante as missas. Mamãe também não ficou muito entusiasmada, o que me deixou pouco motivado para a Semana da Páscoa. Ao ser indagado pela Dona Vera se iria participar, disse que sim, porém por outros motivos religiosos não iria fazer a primeira comunhão ou comungar. Expliquei que assistia a missa todos os domingos, mas que, naquele momento, eu não estava preparado, porém, com certeza, participaria de todos os atos litúrgicos.
Primeiro foram os cânticos, ensaiados durante algumas semanas nas aulas de Canto Orfeônico. Depois, vieram os ensaios para a missa dialogada. Íamos todos para a quadra coberta, transformada definitivamente em auditório agora equipado com cadeiras tipo cinema e fazíamos uma leitura completa do livrinho "Missa dialogada" e que seria utilizado durante a cerimônia .
Todas as páginas eram impressas em três cores: Vermelho com as palavras do sacerdote (em latim), Preto para os fieis (também em Latim) e cinza para a tradução em Português. Começava com o "Introito ad altarem Deum... Qui laetifica juventudem meum..."
Acabei levando a coisa a sério embora tivesse, em alguns momentos, chances de provocar alguma brincadeira. Os olhares severos de Dona Vera não permitiam que ninguém brincasse naqueles momentos.
Ao se aproximar o dia da Missa Pascoal, compareceram ao Ginásio o Padre Edgerton e um outro que não conhecíamos para prestar a absolvição dos pecados após a confissão. Para isto foi instalado um biombo a guisa de confessionário. Algumas mesas e cadeiras estrategicamente colocadas em volta permitiam a privacidade do "réu" e dos padres.
Como não iria comungar, estava fora desta parte. No entanto observava de longe as expressões de cada um. Adilson, muito compenetrado, saíra de cabeça baixa... Léo rindo muito, disfarçadamente, Arnaldo, sério e calado... Carlos Antônio mal podia conter o riso... Não resisti e entrei também na fila. Afinal de contas com aquele pano preto na frente, Padre Edgerton ou seu colega não conseguiriam de maneira nenhuma observar a fisionomia de quem estava se confessando, nem identificar o pecador.
-
Dessexa confessar seus
pecatos parra poter receberr a Santa hóstia?
- Sim... Ótimo... este é o padre Edgerton!
(Havia um problema porém. Eu sabia de cor os dez mandamentos e a lista de pecados capitais... sinceramente não me enquadrava em nenhum daqueles casos...)
- Pode iniciar a
confisson...
- ...........
-
Fou axudar focê...
- .........
- Gosta das meninas?
- Sim... Muito!... (Claro! Maria Cecilia estava de prova!)
-
Enton...
- ........ (Será que eu teria de responder alguma coisa?)
- Tem feito muitas coisas com
os mãos?
- Sim... Muito!... (Ou ele não sabia que tínhamos aulas de encadernação ou era eu mesmo que consertava a bicicleta e ajudava em casa nas tarefas de capinar e juntar areia?)
- ...
Non falei que ia
axudar?... Menino.. Isto é um
pecato! (Padre Edgerton deveria ter bebido muito vinho durante a missa... ou então ficara caduco de vez... Não contaria isto em casa, senão papai era capaz de ir até a igreja tirar satisfações.)
- Padre, é que...
-
Nom prrecissa explicar. Faz com as mãos muitas
fêces? (Outra pergunta idiota... Claro! Eu gostava muito dos trabalhos manuais.)
- Sim... sim...
- Isto é
grrafe... Há muito tempo? (Com certeza o padre estava maluco... Deixe ver... há quanto tempo faço os trabalhos de encadernação? Isso!)
- Seis meses...
- Com quem
aprrendeu essas
coissas ton cedo?
- Com o professor Alcides e com meu pai... ele também entende destas coisas...
- Um
prrofezor... e o pai ainda
axuda... Esgute meu filho...
Fou dar a absolvição de seus
pecatos... Mas que essas coisas não se repitam mais...
Fai rezar como penitencia
Finte Afe-Marrias, Dez Padre-Nossos e cinco
Crretos... Pote chamar o
outrro coleca...
Chamei o José Carlos, mas antes informei:
- Não fale das aulas de trabalhos manuais... Parece que o professor Alcides comentou alguma coisa com o padre... se falar que encadernou alguma coisa, vai ter que rezar um monte de orações... Ah! Esqueça também que conserta a sua bic