Papo Sem Fim - Emagrecimento (3)

Um dos enfoques do vidaleve desde seus primeiros dias de Internet tem sido o emagrecimento. Trabalhar com essa questão leva-me a acompanhar as estatísticas mundiais que estão sempre apontando para o crescimento dos óbitos causados pelas patologias associadas à obesidade.

Curiosamente, talvez por esse nosso nome, um dos assuntos que mais se busca em nossas páginas é esse mesmo: emagrecimento.

É um prazer para nós saber que o pouco que fazemos, falar sobre o assunto, encontra eco e se torna capaz de ajudar em mudanças por uma melhor qualidade de vida. O depoimento, que publicamos em destaque neste mês, soa-nos agradavelmente, enche-nos de alegria. Dele, gostaríamos de ressaltar alguns pontos.

A nossa amiga, após um relato a respeito de si mesma, pergunta e responde: ”O que isso tem a ver com emagrecer? Tudo! Eu não estava bem, nem comigo nem com a minha vida”.

Esse fato particular é extremamente comum às pessoas que têm diante de si a questão da obesidade. Também é comum uma grande dificuldade em superá-lo. Na medida em que se tornam capazes de olhá-lo de frente, enfrentá-lo e superá-lo, o emagrecimento acontece com uma relativa facilidade. Esse não estar bem (comigo nem com minha vida) é que é, para muitas pessoas, o centro da questão. É bom lembrarmos que os endocrinologistas costumam encontrar em seus clientes um número muito pequeno de disfunções glandulares que justifiquem aumentos de peso. A pessoa está diante de enfrentar as dificuldades comuns de uma vida. Ao fugir desse embate, ela foge da vida, de possibilidades agradáveis da vida. Medo é um dos motivos dessa fuga.

”Foi assim que a ficha caiu para mim”. Aí está o ponto! Quando a ficha cai, quando a pessoa supera ou se dispõe a enfrentar o medo (às vezes até empurrada por um medo maior como o da morte) está pronta para resolver essa questão... e outras! Com ou sem auxílio de terceiros.

.. aquela dieta convencional com 3 colheres de arroz e 2 de feijão... Esse convencional depende um tanto das crenças do profissional e da dificuldade do obeso em enfrentar restrições. Os conhecimentos mais atuais de nutrição indicam que uma alteração radical da forma de alimentação não é o meio mais indicado para a adesão do paciente a uma redução de peso. O organismo se “defende” contra restrições achando que ele sofrerá débitos. É preciso, pois, que ele vá se acostumando, gradualmente, a novos padrões. Alguns profissionais infelizmente acreditam que o método severo é o melhor.

Algumas vezes a questão não está com o nutrionista, mas com o paciente que considera que deixar de comer cinco bisnagas no café da manhã para comer somente quatro e meia é algo muito severo. Como uma característica do ser humano é defender suas verdades, é extremamente comum que ele responsabilize os outros por seus fracassos, daí, em alguns casos, dizer-se que o nutricionista é um torturador. Pelo relato de nossa amiga não nos parece que ela tenha tido esse tipo de comportamento. Apenas aproveitamos um gancho sobre seus dizeres para fazer uma aviso aos navegantes...

A nossa colaboradora, a nutricionista Cleoneide Tavares da Costa, considera que é fundamental uma dieta exclusiva. Cada pessoa é uma pessoa e, conseqüentemente, cada uma reage de forma diferente, ou seja, o metabolismo de uma não funciona da mesma maneira que o de outra pessoa. Uma dificuldade que ela encontra com alguns de seus pacientes é a falta de retorno de informações. Ora, se o resultado das técnicas nutricionais é diretamente dependente do metabolismo do indivíduo e quem tem contato com esse metabolismo e suas reações é o paciente, é necessário que ele a informe de como está reagindo para que ela faça os ajustes necessários.

É bom lembrar também que a receita do nutricionistas é feita com base no relato do paciente. Ora, se ele diz que come três bisnagas no café da manhã e recebe com recomendação para passar para duas, possivelmente está recebendo uma indicação adequada. Se essa informação foi fornecida pelo paciente, mas se por vergonha, por esquecimento ou por avaliação incorreta ele estava, em realidade, comendo oito bisnagas, a indicação torna-se inadequada, não por incapacidade do profissional, que, em princípio, acredita e confia em seu paciente, mas porque este faltou com a verdade (não importa o porquê). Pois é, n’é.

Outra coisa fundamental, como nos diz a Cleoneide, é a dieta de manutenção. Neste ponto é que você vai negociar com seu corpo e confirmar com ele que este é o seu novo parâmetro e que ele não precisa ficar desesperado em busca dos quilos perdidos. Só que os pacientes impacientes somem, achando que chegaram ao que era necessário. Resultado, seis meses, um ano depois estão de volta para um novo processamento do efeito conhecido como sanfona: emagrece-engorda, emagrece-engorda... O que é muito pior do que ficar com o peso que estava, em especial se ele estava estabilizado.

... me ajudou muito com os artigos que fui lendo e adaptando para mim...” Ponto para a nossa amiga que utilizou a regra fundamental: cada pessoa é única e, portanto, precisa que as recomendações na sua totalidade sejam únicas, ainda que algumas particulares sejam iguais às de outras pessoas.

”... para não desistir é preciso mudar constantemente...” Não desista, mude! Se você tem o auxílio de um nutricionista não o abandone, retorne para ele, diga o que acontece. Certamente que a maioria dos profissionais não pretende abandonar você à sua sorte e ele tem prazer em ser útil a você... desde que você queira e o demonstre (a demonstração é o seu interesse por você mesmo).

Para terminar vou copiar, sem vergonha, a nossa amiga:

Beijos a todos. Tenham certeza, é possível ser melhor, estar melhor e viver melhor!!!

Façam a vida leve!

MOACYR WALDECK é psicólogo clínico (CRP 05-21093). Trabalhou com grupos de redução de peso, combate da ansiedade, compulsividade e estresse. Preparou vestibulandos para redução de estresse no período de provas, reforço de memória e aceleração de aprendizado. Foi instrutor de Relaxamento na SOHIMERJ, onde fez sua formação. - Tel.: (21) 9 9322-4691 – Rio de Janeiro/RJ - mowaldeck@yahoo.com.br - (veja mais)

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