O convite para participar do trabalho masculino/feminino tem-me deixado encantado pelas possibilidades que apresenta. A quase todo momento estou tropeçando em algo que me transporta a ele: músicas, piadas, filmes, entrevistas, artigos, opiniões... uma infinidade e variedade inesperadas... quantas possibilidades para a discussão e, quem sabe, a virtude: o caminho do meio!
O que esta empolgação toda tem a haver com o título acima? Tudo! Nas proximidades do Natal passado, exato 19 de dezembro, achei um artigo da Martha Medeiros na revista O Globo: Homens que têm tudo. Mulheres que têm nada não faz parte do título (dela), é apenas algo que ela conclui, acho eu, ao longo de seu artigo. Se não, vejamos: "Todos os homens do planeta têm tudo. (...) Seria tão mais fácil se os homens gostassem de colares, hidratantes, echarpes, castiçais, porta-retratos, maquiagem, bolsas, tapetinhos, brincos, pulseiras, almofadas, cálices, chinelinhos, batas. (...) Eles gostam de brinquedos. Tem que ter luzinha, controle remoto, fazer barulho, VIR COM MANUAL DE INSTRUÇÕES. E tanto melhor se forem aqueles brinquedos enormes, com quatro portas e motor 5.0. O resto eles têm".
O grifo no texto da Martha foi feito por mim. Sobre essa observação que ela faz, é possível horas de discussão que, certamente, nos levaria a conclusões interessantes. Provavelmente, compreendidas causas e conseqüências, uma possibilidade de melhores relações entre esses opostos, masculino/feminino, que, ao mesmo tempo em que se atraem, se repelem na razão (ou sem razão?) direta das forças de atração.
Assim, felizardos homens, pois que possuidores de tudo (talvez infelizes porque, tendo tudo, acabem por ganhar nada ou insuportáveis gravatas, meias, lenços e coisas do gênero), vocês já sabem que a essas infelizes mulheres, possuidoras do nada (tudo o que elas têm é nada) é fácil fazer felizes. Façam-no! Basta seguir as instruções da Martha. Detalhe, esclarecido por ela, presenteiem com qualquer daquelas coisas que ela lista, porém, com o bom gosto (delas!). Você poderá, por exemplo, dar sempre brincos, desde que os 7.864 que você dê sejam todos diferentes (dos dela e dos brincos das amigas delas). Infelizardas mulheres, por serem colocadas diante de angustiante dúvida, sigam também a dica da Martha. Ou, pelos menos em parte. Se a grana é pouca, o manual já vai ser um grande achado. Muitos deles ficarão lendo contentes e satisfeitos. Quando eles se derem conta que o manual veio sem o artefato a que ele se destina, vocês já estarão longe e, como a memória deles é péssima, amanhã nem notarão...
Você ri? É sério, mais do que você pensa. Por trás dessas observações (jocosas?) há coisas importantíssimas a serem discutidas e utilizadas para facilitar esse embate de opostos transformando-o em, simplesmente, relação. Muitas vezes prazerosa e amigável.