A paixão por nosso colégio e o prazer das lembranças dos tempos passados nos levam a reuniões anuais na Ilha do Governador. Há gente que vem de longe. Não apenas da Zona Sul e Jacarepaguá, mas de Cabo Frio, Resende, Teresópolis e até de Brasília.
Tudo começou com um pequeno grupo que foi aumentando, aumentando. Hoje temos nas nossas reuniões gente que não chegou a se conhecer lá pelo Mendes de Moraes, porque estudou em épocas diferentes.
Os textos recentes lançados no vidaleve motivaram alguns a falar de velhos tempos. A Inês Belan entrou no Mendes em 57 no 1º ginásio, saiu em 63, ao terminar o 3º ano (científico ou clássico?). Ela carregou a família toda para lá. Seu pai, Oscar, foi professor de desenho e sua mãe foi Coordenadora Geral, ao tempo da Maria Amélia, e Agente do Pessoal, ao tempo do Erick. Ela mandou-nos suas recordações. Você conheceu algum dos professores que ela cita? Lembra de algumas dessas passagens que a Inês reviveu?
* Aquele nosso colega (não lembro o nome), cantando ONLY YOU no auditório...
* As aulas-passeio do Stélio...
* As balas de côco compradas através do muro na hora do recreio...
* O Walsh vindo de bicicleta pra escola com o guardapó comprido esvoaçando...
*A simpatia do Jansen...
* O radicalismo do Mege... O Ivanildo, meu colega de turma (já se foi...), fez até uma música:
......."Hoje é dia do Mestre...
.......Hoje é dia de festa
.......Mas o Mege é mesmo um Caxias
.......Prá ele hoje é dia de Teste!!!"
* A elegância de D. Maria Natália (de história)
* A horrorosa saia preta com uma aranha com teia e tudo bordada na frente, da Neuza (história)
* Das bancas de prova oral com o Antunes, etc...
* O Temístocles, de Física, sempre respondendo às perguntas com o jargão: "Tem no livro"...
* O GT do Stélio...
* Rui Bessone, um Gentleman... (Não é que casou com a Shirley?)
E por aí vai...
Coincidentemente, ao remexer na minha memória, resolvi recorrer ao Jaime Moraes. Sobre seu período de Mendes, ele comenta: "entrei no inicio de 1954 e fiquei até o final de 1961. Repeti o terceiro ginásio. A bagunça era muito boa para se ficar tão pouco tempo naquela Escola...". O Jaime tem um registro fantástico daqueles nossos tempos. Comentei com ele achar encantadora essa sua capacidade de registrar os acontecimentos. Viajando na maionese, imaginei-o com um quarto cheio de fichas preenchidas e devidamente catalogadas. Deveriam ser dois quartos, mas um deles o Jaime já conseguiu gravar em CD´s. É verdade que metade de seu acervo é constituído pelas próprias molecagens que ele aprontava. Olha só o que ele mandou, é só parte (tem muito mais no próximo mês):
Puxa vida... quanta coisa ao mesmo tempo... mas vamos lá:
O GT (grupo de teatro), começou nos idos de 1953 com o prof. Stelio Alves de Souza, que era arquiteto (foi o responsável pelo projeto do antigo "Cineac Trianon", na Av. Rio Branco, em frente ao atual Av. Central e do Cine Mauá, em Ramos). Stélio era entusiasta do teatro. O grupo inicial tinha como "âncora" o Orlando Paulo Esteves, aluno da então quarta série. Os ensaios eram no auditório do Mendes, na parte da tarde. Dentre as peças de maior importância, encenamos "O Suave Milagre" e "Você já foi a Bahia?", que narrava uma viagem do Stelio à Bahia no seu Citroen de 6 cilindros.
O GT acabou com a saida do Stelio, teve uma ressurgida com a Regina Carvalhal, em 62 com o grupo da Bete Mendes, Sergio Lomba, Gelce e mais outros na peça "Antigona". Morreu alí... Ainda tenho o "folder" da peça guardado aqui em casa... (estamos aguardando que o Jaime nos envie o folder)
Além do que aprontávamos, há professores que têm lugar especial em nossa memória. Alguns pelo que nos azucrinavam, outros pelo nos acolhiam e pelo prazer que tinham em nos mostrar, não apenas os conhecimentos, mas a vida.
Cada um de nós tem a sua galera preferida. Na de uns entra esse, na de outros sai aquele. Existem, no entanto, alguns professores que fazem parte, se não da totalidade, pelo menos da seleção da maioria de nós.
Um desses, creio, é o Stélio, que, como vimos na descrição do Jaime e lembranças da Inês, tocou por muito tempo o GT. Sobre suas aulas até que não tenho nenhuma lembrança em especial. Recordo-me apenas de uma prova, 2ª parcial ou qualquer coisa do gênero. Apesar de ser razoavelmente bom em desenho geométrico, minhas notas ficavam sempre aquém do que poderiam ser se não houvesse o raio do desenho artístico. Na tal prova, o modelo em gesso era uma orelha. Acho que nesse dia eu estava inspirado. Não apenas fiz uma cópia bem razoável como depois, não sei por que, dei um risco na folha. Êpa! Pareceu-me um nariz, que completei, meio que estilizado junto a uma boca e olhos (os dois apareciam no perfil). O resultado foi alguma coisa como nove ou nove e meio. Ri muito e comentei depois com os colegas: se eu soubesse que o Stélio era ligado em arte moderna eu só teria tirado notão. Descobri, tempos mais tarde, que ele era ligado em criatividade.
Lembro-me menos das aulas e mais dos ensaios do grupo de teatro. Ao final deles rolava sempre um bate papo, às vezes um arrasta-pé. Construíamo-nos e éramos construídos num ambiente fantástico. No período em que me uni ao GT, ensaiávamos, ensaiávamos, mas não nos apresentávamos nunca. O que não era motivo para desistirmos. A presença amiga do Stélio, a integração obtida, o prazer do encontro onde, certamente, fortalecíamos nossa auto-estima e prazer pela vida, eram elementos motivadores para nos mantermos ligados ao GT.
Afinal, depois de muito ensaiar, conseguimos expor, para nossos colegas, nossos pais e amigos, os nossos talentos. Tínhamos mesmo? Alguns certamente, mas isso não era o mais importante.
Quem ainda se lembra da farra no auditório na festa de 10 anos da existência do Colégio Mendes de Moraes? Enfim, uma apresentação do GT! Não precisamos que o espetáculo começasse, pequenos espaços, que abríamos na cortina para que pudéssemos passar nossos olhares, nos mostravam a casa cheia. Ou melhor, o auditório lotado. Quem se lembra?
Anos mais tarde, já formado, tive contato com o professor Feio que me mostrou fotos daquele dia. Infelizmente não tirei cópia de nenhuma. Jaime, você tem alguma?