Papo Sem Fim - Medo (2)

© Olga Vasilkova | Dreamstime.com * Licenciado sob RF-LL termos http://pt.dreamstime.com/oh-my-god--imagefree267934 Ainda hoje, século XXI, é interessante como existam pessoas que considerem o psicólogo um profissional para atender "doido". Para estas pessoas, ou mesmo quem tenha curiosidade a respeito da psicologia, um bom começo será a leitura de um livrinho da coleção Primeiros Passos: "O que é psicologia, psicanálise, psicoterapia". Dele, apenas como amostra, pode-se citar: "Sem tempo para parar e pensar, sem poder aproximar-se da natureza, tantas vezes sem amigos com quem desabafar, sentindo-se só, vazio e alienado, cada vez mais o ser humano se torna vítima de doenças psicossomáticas, isto é, que se refletem fisicamente no organismo, como é o caso da maioria das úlceras." (pág. 12) "Acredito profundamente que a terapia beneficie as pessoas, que as torne mais felizes. Felicidade não é não ter problemas. Pensar o homem num mundo sem problemas é uma irrealidade, uma ilusão. Ser mais feliz talvez signifique apenas ter a capacidade de lidar razoavelmente com os problemas, em vez de ser por eles engolido ou destruído." (pág. 119)

O comportamento, como um todo, a aprendizagem são alguns dos interesses dos psicólogos. Entenda-se por aprendizagem não apenas conhecer e gravar os conteúdos dos tempos de escola, mas tudo aquilo que possibilite uma mudança de comportamento.

Mamar, por exemplo, está entre as primeiras coisas que o ser humano aprende ao sair do útero. Respirar será certamente a primeira.

Na relação com o mundo o ser humano aprende. Utilidade já é outro departamento. Aprender e conhecer concorrem para mexer com emoções e sensações. Uma destas, que aliás permite a defesa de nossa integridade, chama-se MEDO.

A curiosidade da criança faz com que ela coloque o dedo na tomada e leve um choque. Depois da repetição desta experiência, o MEDO faz com que ela não faça mais isso. Quantas vezes são necessárias? Isto varia de criança para criança. Para algumas, uma vez é suficiente.

Aliás, sobre o medo há um diálogo muito interessante em A Erva do Diabo (Carlos Castanheda). D. Juan fala sobre os quatro inimigos naturais do homem que pretende ter o conhecimento. O primeiro deles é o MEDO, que cresce quando se começa a aprender. Para vencer o medo, diz D. Juan, é necessário desafiá-lo, não fugir, ter medo plenamente, mas não parar. Aprender, então, deixa de ser uma tarefa aterradora. Isto acontece pouco a pouco e, no entanto, o medo é vencido de repente e depressa, ficando-se livre dele para sempre. Em vez de medo a pessoa terá, então, A CLAREZA... seu segundo inimigo natural, mais difícil ainda de vencer...