Viagem no Tempo (meu aniversário)

Há 70 anos a mobilidade deste corpo, dádiva inestimável e máquina do tempo me transporta, do meio da Segunda Guerra Mundial em 1942, pela alvorada da Era de Aquário em direção ao renascer da Humanidade Consciente, me enriquece a memória e me traz felicidade.

Minha mente, através dos sentidos, foi muitas vezes traída por ilusões passageiras e valores dúbios até compreender que nada é absoluto nem totalmente imutável, das regras mais simples às leis mais severas e que nada pode ser radicalmente mudado, da impermanência da Natureza ao coração das pessoas.

Assisti a uma evolução sem precedentes como se o mundo tivesse progredido mil anos da FM às redes sociais, dos antibióticos aos sete bilhões de habitantes no mundo e do gasogênio ao efeito estufa.

Descobri que o verdadeiro amor não tem barreiras nem proibições, que o cérebro pode ser manipulado até matar por uma boa causa, que o dinheiro não compra tudo, mas tudo tem um preço e até a religião, último refúgio dos inocentes, pode ser um engodo sórdido em mãos criminosas.

No crepúsculo da vida aprendi que os melhores resultados emanam do gosto pelo processo, do fazer por fazer sem almejar nenhum resultado.

No fim da vida descobri que a vida não acaba e que jamais começou, pois a existência é cíclica cada buraco negro é a gestação de um novo universo.

Aos 70 anos sou uma criança deslumbrada que acaba de nascer.

O mundo não emana do vazio nem caminha para o caos, mas cada etapa será sempre um passo no sentido da plena consciência de que todos, do mais diminuto de todos os seres ao mais poderoso dos biomas, dependemos simbioticamente, uns dos outros.


Em 06 de agosto de 2012