Existem pessoas que se sentem ofendidas, magoadas por qualquer coisa. Às mais leves contrariedades se sentem humilhadas...
Ora, nós não viemos a esse mundo para nos banhar em água de rosas...” (Chico Xavier)
Não é necessário ser psicólogo para fazer afirmativas como essa de Chico Xavier. Por que psicólogo? Porque a Psicologia nada mais faz do que mergulhar sobre o comportamento humano e buscar razões para tal comportamento. O que difere entre opiniões de estudiosos e não estudiosos do assunto? A disponibilidade, via de regra, com que se lançam a essa tarefa, avaliando e contrapondo suas observações às de outros estudiosos e elas entre si. Apesar de toda a dedicação que os psicólogos possam ter, não é seu monopólio a percepção e a avaliação crítica. Temos que nos lembrar que a Psicologia tem como ponto de partida a Filosofia e que esta surge da necessidade do ser humano de saber-se, de saber sobre os de sua espécie e de seus relacionamentos. Considerando-as, claro, simples e sinteticamente.
Curiosamente, em pleno século XXI, ainda ouvimos bobagens do tipo: “não sou maluco para procurar um psicólogo”. “Não sou maluco...” pode ser uma expressão de medo. Não é obrigatório que seja expressão de medo... apenas é uma DAS possibilidades. Pode ser ignorância mesmo. Aliás, é muito comum esses dois andarem juntos: IGNORÃNCIA e MEDO.
Novamente, um não acarreta o outro. Ignorantes não são obrigatoriamente medrosos. Medrosos não são obrigatoriamente ignorantes.
Apesar da não obrigatoriedade, como foi dito, aparecem juntas em muitas pessoas. Também, muitas vezes, acompanhadas de uma terceira característica: PRECONCEITO. Pensando bem, somos todos medrosos e ignorantes. O que nos faz diferir uns dos outros é o volume de ignorância ou de medo que possuímos. Ou que nos possui!
Com as afirmações que acabo de fazer sou imediatamente transportado para melindres que possa causar e para a frase de Chico Xavier.
Ignorante pode ser uma afirmativa pejorativa, preconceituosa, mas, simplesmente, pode ser a aplicação do correto sentido da palavra. Sábios, cientistas e pesquisadores podem ser ignorantes de determinado assunto para o qual não dirigem sua sabedoria, sua ciência ou suas pesquisas. Quem sofre de menos valia, melindroso, vai sempre interpretar o termo em seu valor pejorativo.
Quantas vezes fomos envolvidos, como participantes ou como observadores, em situações em que crianças, até mesmo muito novas, explicavam a adultos como funciona um computador, um controle remoto, um celular ou sei lá o que de novas tecnologias.
Nesse caso, as crianças sabiam e os adultos ignoravam. Logo, o uso certo é: adultos ignorantes. Por que melindres? Somos todos ignorantes... daquilo que não sabemos.. Diferimos em quantidades e em medo. Medo de sermos chamados daquilo que somos: IGNORANTES!
Diferimos, também, como o medo nos faz reagir: atacando ou fugindo! (Da realidade?)
Podemos fazer como nos ensina D. Juan: enfrentar o medo, ao invés de fugir ou atacar a pessoa que nos desperta o medo. Sim, muitas vezes, sem o menor interesse de nos amedrontar, mas fazer o correto uso da linguagem e mostrar como podemos nos tornar menos ignorantes naquele específico assunto sobre o qual nos chamam a atenção. Curioso é que esse deveria ser um fator positivo na comunicação.
Tenho mesmo que sorrir... Somos muito ignorantes... e medrosos.
Vocês não imaginam como acho isso muito, mas muito curioso.